Brescia

Acordámos mais um dia debaixo de um calor muito forte. Às 7h já transpirávamos ainda sem pedalar. O dia prometia. Definimos como destino Brescia, sem saber o que lá encontrar. Foi talvez o dia com mais calor que passei, isso e um ar pesado e abafado. Vimos um termómetro que indicava 35 graus, mas não acredito que fosse a temperatura máxima do dia.

Almoçámos no Santuário de Caravaggio que nos apareceu pelo caminho, depois de o visitar.

Seguimos caminho e o calor abrasador continuava. Tivémos de parar várias vezes à sombra, mas nem isso era suficiente para aliviar. Mais à frente parámos num supermercado e comprámos uma caixa de seis gelados. Foram comidos em 15 minutos.

Por fim chegávamos à cidade de Brescia. Tentámos o primeiro rio que o GPS indicava, para o banho de final de dia, mas estava seco. Seguimos para o segundo, mas o acesso era mau e a água não era das melhores. Aqui, pára um carro com uma família dentro, de aspeto não italiano e pede-nos 5€ para o gasóleo do carro! Ficámos estupefatos a olhar para o homem que nos estava a ver junto das bikes. O Pedro respondeu que não, que andávamos a viajar. Ao levar a primeira nega mudou o discurso e disse que era para os filhos pequenos que estavam no banco de trás. O caricato desta história é que o senhor conduzia uma Mercedes classe E. Mas ainda não acabou. Logo depois aparece outro da mesma “espécie” e com uma técnica apuradíssima faz o carro ir abaixo, simulando a falta de combustível. Sai do carro abre o capô e pede 5€ para a gasolina, que ficou sem ela. Mais uma vez dissémos que não e repetimos o não várias vezes. Ao perceber que não levava nada dali fecha o capô, liga o carro e vai-se embora. Afinal tinha combustível…

Seguimos mais para o centro e chegámos ao rio principal que atravessa a cidade. Largo e de acesso difícil, não ia ser fácil chegar à água. Continuámos pela margem, até pararmos numa fonte num jardim público e foi mesmo ai. Tem acontecido muitas coincidências ao longo desta viagem. Se escolhessemos outro rio ou outro ponto para parar o que se vai passar a seguir não aconteceria e esta foi talvez uma das melhores que nos aconteceu.

Com a abordagem dos outros dois indivíduos, minutos atrás, percebemos que a cidade não era bom local para ficar e ponderávamos sair da cidade quando passa um casal de italianos, a Marinella e o Maurizio. Perguntam-nos o costume e conversámos um pouco. No final da conversa a Marinella diz que pensa ir a Fátima este ano. Quando lhe digo que sou de lá e que trabalhei no Santuário de Fátima os seus olhos brilharam e para ela não foi uma coincidência encontrar alguém de Fátima, quando ponderava lá ir neste Verão. Devido a isso, convidou-nos para ir a sua casa beber algo. Assim o fizémos, mas não nos calhou só uma bebida, ofereceu-nos jantar, feito na hora (cozinha muito bem) e provámos um prato italiano, pesto genovessa. Houve ainda pizza e para terminar uma saborosa sobremesa de gelado caseiro de limão.

Nas horas vagas, a Marinella pinta e muito bem. Tem réplicas de grandes pinturas conhecidas. Pintou ainda uma faixa de frutas na cozinha.

Muito devota de Nossa Senhora, já visitou os principais Santuários Marianos da Europa, exceto Fátima. De tão contente que estava ligou ainda a um casal amigo para nos conhecerem, a Geny e o Daniele que é carabinieri (a GNR daqui). Conversámos um pouco sobre tudo e por vezes tínhamos de recorrer ao tradutor da google.

Nisto começa a chover duma maneira que não se esperava, caíu granizo e tudo, acompanhado de relâmpagos e trovões. Ofereceram-nos de imediato lugar para passar a noite. Foi um prazer conhecer e conversar com a Marinella, Maurizio, Geny e Daniele.

Senão tivéssemos parado naquele exato ponto, teríamos dormido sabe-se lá onde, apanhado uma valente molha e jantado nada de extraordinário. Na manhã seguinte, seguimos a Marinella até ao trabalho e fez-nos uma visitas guiada pelo centro da cidade. Grazie per tutti, Marinella e Maurizio, sois tropo gentile!