Após visita guiada por parte do Luís em Sion na Suíça, seguimos pelo vale com destino a Brig. A paisagem continuava magnífica e as cascatas de água, do gelo que derretia lá do topo, era uma constante. Ao lavarmos a roupa no rio Rhône percebemos que a água é muito fria, pudera, era o gelo a derreter.
Deixámos a Suíça francesa e estávamos já na Suíça alemã, onde a linguagem muda drasticamente. Chegámos a Brig e parámos no Lidl, mas já estava fechado. Fechou mais cedo pois amanhã é feriado e nas vésperas o comércio fecha mais cedo. Valeu-nos um português que nos disse adeus. Parámos para o cumprimentar e curiosamente disse que também ia às compras a um mini-mercado português que ainda estava aberto. Comprámos apenas o que estava em falta e no fim as meninas do mini-mercado ofereceram-nos bolos! Obrigado Miguel, Elisabete, Paula e Sofia.
Com tanta água que há aqui, não encontrámos um local para tomar banho. O rio que atravessa esta zona para além da corrente forte a agua é gelada e nas cascatas a água cai com muita força. Ficámos num parque de campismo, que já tinha a receção fechada. Entrámos na mesma, mas sempre curiosos com o preço que iríamos pagar, pois estávamos na Suíça. Correu bem, o preço foi dentro do normal.
Anda no parque de campismo decidimos mudar a rota inicialmente planeada, que seria seguir para o Liechtenstein e depois Áustria. No Liechtenstein, devido às estradas existentes, teríamos de atravessá-lo de sul para norte e não de oeste para este para depois entrar na Áustria. Decidimos por isso, ir para a Itália e como estávamos a 30km da fronteira pensámos “É um instantinho”. O “instantinho” levou 3h30 e foi a subida mais longa até agora, num total de 24km sempre, sempre, sempre a subir. Com a subida vêm as fantásticas paisagens.
Atravessámos muitos túneis e finalmente chegamos ao topo, a Simplon, onde pudémos tocar na neve e perceber que tínhamos atingido 2005 metros de altura, passando o ponto mais alto de Portugal Continental!! Ficámos muito satisfeitos com este novo recorde.
Aqui encontra-se uma estátua em pedra de uma águia, que segundo nos explicaram, encontra-se virada para a Itália de uma forma provocativa por uma razão que não percebi.
Encontrámos também junto a uma espécie de lápide, vários seixos com inscrições de outros viajantes que ir ali passaram e deixaram a sua marca. Nós não fomos exceção e o nome Portugal ficou também num seixo, neste que é um dos pontos mais altos da zona.
Após breve descanso, descemos em direção à Itália e mais uma vez ficámos encantados com a descida, não só pela paisagem como pela distância. 35km sem dar ao pedal, é quase como ir da Loureira à Marinha Grande sempre a descer!! Fantástico. Não temos palavras para descrever o que é percorrer 35km a apreciar a paisagem e sem pedalar.
Passámos a fronteira e finalmente pudémos dizer “Buongiorno Itália!”, ou “Buonasera”, que já passava das seis da tarde.
Prosseguimos até Domodossola e aqui aconteceu uma coisa nova. Ao entrarmos nesta localidade passámos por uma rapariga também a viajar de bike. Sentada no chão e com o mapa aberto, dissémos olá e não parámos, mas logo olhámos um para o outro dizendo ” Vamos ter com ela, pode ser que precise de ajuda”. Não estava perdida, estava apenas à espera de um telefonema. Tínhamos pouca comida e para comemorar o facto (sim, sem acordo ortográfico) de termos chegado à Itália, queríamos jantar num restaurante ou algo do género. Convidá-mo-la a vir connosco e ela aceitou. Obviamente fomos comer uma pizza e durante a refeição ficámos a conhecê-la melhor. É suíça, tem apenas 21 anos e está a viajar sozinha. Percorreu grande parte da Suíça de bike e vai até Veneza, para depois ir de barco até à Grécia. Apresentava um ar muito descontraído, calmo e tinha uma abordagem ao mundo, diferente do habitual.
No fim acampámos todos juntos, aliás, fez-nos experiementar uma coisa diferente. Já tínhamos a tenda montada, quando nos pede para apagar as luzes e observar os pirilampos. Continuámos com as luzes apagadas e diz-nos para dormir fora da tenda. Como nunca o fizémos, ao princípio achámos estranho, mas ao fazê-lo foi uma experiência curiosa, pois ao apagarmos as luzes, os olhos rapidamente se habituaram à escuridão, que era minima, devido à noite de lua cheia. Assim, observámos a natureza que nos rodeava e já deitados nos sacos-cama pudémos ver as estrelas. Deu-nos lavanda para esfregar no rosto, de modo a afugentar os mosquitos. Mais dois dedos de conversa, uma estrela cadente e adormecemos.