Encore une fois

E mais uma vez estou na França. Os três primeiros dias foram com chuva e muito, muito vento de frente, péssimo para pedalar. As estradas escolhidas nestes dias foram as secundárias, que atravessam os enormes campos de cultivo com as suas pequenas aldeias lá pelo meio, muito harmoniosas, revelando a típica beleza francesa destes lugares.

Algures, cruzei-me com um cicloturista que fez questão de parar e conversar comigo. Era o Zekeriya, turco e a pedalar desde Paris até à Alemanha. Tinha começado à um dia e era a sua primeira viagem do género e eu fui também o primeiro cicloturista com que ele se cruzou. Fez-me lembrar, que também eu no início, fazia questão de conversar com os outros cicloturista com que me cruzava, mas agora, tal situação já não acontece tão frequentemente, mas talvez devesse!

Dei-lhe algumas dicas, ao que ele recebeu com agrado, mas preocupava-lhe saber se havia animais que lhe pudessem fazer mal. Disse-lhe que não, que não se preocupasse com isso. Ao ver o pau que carrego comigo, que uso como descanso, volta a perguntar se o pau era para bater nos animais. Sorri e respondi-lhe que não, que deste lado do planeta não há animais que nos façam mal, excepto as melgas! Have a nice trip Zekeriya!

Ao quarto dia chegava a Mantes-la-Jolie, a casa do Pedro, meu companheiro nesta aventura durante 35 dias, há um mês atrás. Contei-lhe em primeira mão as peripécias da viagem, desde que me deixou, na Áustria. O jantar foi uma surpresa em casa do Nelson e da prima Patricia, que me prepararam uma receção de boas vindas com direito a cartazes e tudo! O jantar estava ótimo e no fim até levei umas guloseimas para a viagem. Obrigado Pedro, Patricia e Nelson!

No dia seguinte visitei a família que se encontra a 80km do Pedro. Embora fosse andar para atrás, não podia deixar a França sem os visitar. A viagem foi muito agradável, pois passei a dois quilómetros da Torre Eiffel e foi uma sensação curiosa, ver a torre em cima da minha bicicleta e chegar ali apenas com o meu esforço, pois para mim, Paris tem um “je ne sais quoi” que me encanta.

Pelo caminho pára um carro e o condutor pede-me que encoste. Era o Daniel, português, já na França há muitos anos e ficou muito feliz de ver um português numa aventura destas. Também ele em tempos, se aventurou de bicicleta de Portugal até à França. Muito simpático e prestável, deixou-me o seu contacto e ofereceu toda a ajuda que precisasse. Mais tarde voltámo-nos a encontrar e a conversa continuou e foi um prazer conhecê-lo. Obrigado Daniel, boas férias e até breve!

Comecei por visitar o tio Miguel, tia Lúcia, Enzo, Rafael, Stephanie, Cyril e o David onde conversámos um pouco. Por fim houve quem experimentasse conduzir o semi-reboque e até os vizinhos Luciano, Lurdes e Bruno se juntaram à conversa.

De seguida visitei a tia Albina, onde passei a noite e mais uma vez contei as minhas aventuras, peripécias e os seus ensinamentos. Obrigado a todos pela hospitalidade e simpatia!

Após fazer contas à vida e perceber que estava com tempo para uma viagem extra, volto para casa do Pedro, para no dia seguinte (sábado), irmos de bike até Paris.

No regresso, a 15km do destino, o reboque volta a partir no mesmo sítio onde partiu da primeira vez, ainda na Espanha. Felizmente estava perto e o Nelson, estava de férias e rapidamente me veio buscar para procurarmos alguém que solucionasse o problema.

Enquanto esperava pelo Nelson, levei a bike e o atrelado individualmente para a estrada principal, pois estava num beco. Ao carregar o atrelado, desci por uma pequena encosta para atalhar caminho, escorreguei e lá foi o atrelado a rebolar até à valeta da estrada principal…

Partimos à procura de uma solução e lá encontrámos uma empresa especializada em várias coisas, entre elas alumínio, mas já estava fechada, pois era sexta-feira e tudo fecha mais cedo. Terei de esperar até segunda para solucionar o problema.