Espanha

Entrei em Espanha!

Mas antes tive a visita dos meus pais e irmão, que me acompanharam ao longo do dia e foram o carro de apoio. O ponto de encontro foi no castelo de Mourão por volta das 8h, onde tomámos o pequenos almoço reforçado, que os meus pais trouxeram.

Após visita ao castelo, que merece uma espreitadela, parti em direção a Barrancos, última localidade portuguesa naquela zona, antes da fronteira. Pelo caminho encontram-se quantidades enormes de lavanda ou alfazema, que dá vontade de apanhar.

Chegando a Barrancos, terra das touradas e do Zé Maria, o carro de apoio já lá estava com o almoço pronto, feito na véspera. Soube só bem!

De seguida perguntei a um senhor da terra, qual a melhor direção para Espanha de modo a não apanhar muitas subidas. Rapidamente me indica a estrada e diz “Por aqui só há uma subida, depois é sempre a descer”. Confiei no senhor e lá fui eu. Chegámos à fronteira, tirámos a foto e siga que é a descer.

Depressa surge a dita subida que até ao momento foi a pior que me apareceu à frente, daquelas em que se quer reduzir a mudança mas já não há mais para reduzir! O problema é que nunca mais vi “depois é sempre a descer”, foi a sofrer até ao fim do dia.

Parei em dois postos de abastecimento para comprar um mapa da Espanha, mas nenhum tinha. Uns metros à frente encontrei um burro espanhol. Perguntei-lhe se queria vir comigo mas não deve ter percebido.

Ao fim da tarde os meus pais voltam para trás. Obrigado pela visita e pela comida caseirinha! Continuei, mas com um dia tão puxado e debaixo de um sol fortíssimo decido ficar no campismo mais próximo. Pesquiso no GPS e este indica-me um a 14 km. Ok, vamos lá dar mais um esticão.

Passado um bom bocado, pois subidas foi coisa que não faltou, chego ao local, que afinal não era um parque de campismo mas sim pequenas casa de turismo rural (o que eu subi para ali chegar). Ainda pergunto ao senhor se não dá para ali ficar, ao que me responde “Lo siento, lo siento”…

Faço nova pesquisa por campismo, é-me devolvido um a 33 km. Já não conseguia mais. Segui por mais dois ou três km até que paro (já nem sei bem porquê) e ouço água. Estava no meio de montes, só verde à minha volta e penso “Monto ali a barraca atrás e desço o vale para ir tomar banho”.

Há males que vêm por bem e não podia ter arranjado sítio melhor para passar a noite. Tranquilo, afastado da estrada, o cantar dos passarinhos e a água lá ao fundo a correr.

Páro a bike no local onde decidi ficar, junto uma muda de roupa, agarro no gel de banho e lá vou eu a descer o vale em direção ao rio a furar o mato denso. Chego ao rio com dois palmos de água (ótimo) pouso a roupa, tiro a que tinha vestida, entro no rio ” Ah, que sensação tao boa de água fresquinha” e percebo que não trouxe o gel de banho…

Volta a subir a encosta, já só meio vestido e a furar mato. Agarro no gel de banho, mas o mato era tanto que desci por um caminho diferente chego ao rio não encontro o local onde tinha a roupa. 5 minutos depois, lá encontrei o lugar maravilha. Que bom este banho!

Enquanto tomo banho reparo que existe salsa na margem. Colhi três ramos e levei-os para temperar 4 ovos cozidos, deixados pela minha mãe, mais uma pitada de sal e como se diz na minha terra “De trás de orelha!”

O dia seguinte continuou com mais subidas como se não houvesse amanhã. A certa altura percebi que estava no Parque Natural de Aracena e qualquer coisa.

Pelo caminho encontrei um espanhol a cavar sentado, aliás, vi um espanhol sentado numa cadeira no meio de um terreno com uma enxada na mão, mas não se mexia. Devia estar a pensar.

Finalmente encontro quem me venda um mapa, são um bocadinho maiores!

Pernoitei junto da estrada que liga a Sevilha, novamente junto de um riacho. Tirando as subidas, até agora Top!