O dia continuou, como acabou ontem. No meio do campo e das aldeias típicas desta zona e da Alemanha e geral, onde os edifícios são quase todos construídos com tijolo, de um vermelho mais escuro do que aquele a que estou habituado. Nas casas mais antigas é possível perceber as vigas de madeira com pouco espaço entre elas, preenchidas depois com tijolo. Até as igrejas não escapam a este tipo de construção.
Ontem, depois de sair de Berlim, decidi entrar numa estrada secundária para fugir ao trânsito da estrada número 5. Valeu a pena, pois a calma do campo é sempre boa. Talvez por isso, é visível muitos animais, cegonhas com crias nos ninhos, veados e filhotes, falcões, coelhos, esquilos, entre tantos outros.
Outra razão que me levou a escolher esta estrada, foi o facto de ela acompanhar o percurso de um rio, pelo menos a olhar para o mapa. Após alguns quilómetros ja nesta fase nunca cheguei a ver o rio, o que me deixou um pouco desanimado. Olho novamente para o mapa e vejo vários símbolos de ferry boats pelo rio acima e penso “É mesmo isto, dou mais um esticão e vou até ao próximo ponto, apanho o ferry boat e faço alguns quilómetros de barco!”. A vontade de ver o rio e de experimentar algo diferente, deu-me força para fazer mais 30 quilómetros.
Assim que lá chego, vejo um ferry boat pequeno e nenhum local para comprar bilhete. Entro com a bike para dentro do barco e o senhor dos bilhetes vem ter comigo. Aponto para o mapa e digo “Quero ir para ali”. Ele não percebe inglês e diz qualquer coisa em alemão. Eu volto a apontar para o mapa e pergunto “Nós estamos aqui certo?” e da resposta dele percebo que é na outra margem o sítio para onde estava a apontar. Só ao fim de alguns minutos é que percebo que me dizia que aquele ferry e todos os outros no mapa só fazem a travessia de uma margem para a outra. Nisto já o barco ia meio do rio. Pergunto se há algum que suba o rio e a resposta foi “Nein”. Pago bilhete para voltar ao mesmo sítio e fiquei meio chateado, pois nem para tomar banho o rio era bom. Tinha feito um grande desvio para chegar ali e só descansei quando voltei novamente à estrada, na qual continuaria no dia seguinte.
Para acampar, entro numa floresta e uns metros à frente num espaço jeitoso à medida da tenda, fiz o jantar. Entretanto passa um senhor e fala alemão. Digo-lhe que não o percebo e ele volta a perguntar ‘Swiming?” e aponta para a frente. “Oh amigo não sei, eu nem sou de cá!”, respondi. O senhor continuou e eu fiquei a pensar “Será que ali à frente há um sítio para banhos?”. Termino o jantar e fui averiguar, seguindo a estrada de terra até um rio ou lago, nem percebi bem, de tanta vegetação que tinha à volta, mas tinha uma envolvente magnífica. Ali fiquei, a acompanhar o pôr do sol, enquanto olho para o conta quilómetros, que me diz que hoje fiz uns impressionantes 155km.