À saída de Barcelona, nada de novo. Sempre pela costa, à beira-mar, a apreciar as boas praias que por ali se encontram. Fiquei entre Pineda de Mar e Malgrat de Mar. Por aqui quase todas as localidades terminam com “de Mar”. A mais conhecida Lloret de Mar.
No dia seguinte, dirigi-me ao Lidl para umas compras. Cheguei às 8h, mas só abria às 9h. Enquanto esperava, chegam mais alguns carros para o mesmo. Perto das 9h chega um homem a pé e dirige-se a dois carros que imediatamente fecham os vidros. Era um sem abrigo. Veio ter comigo, curioso com o atrelado. Falei-lhe da minha viagem e ele contou-me um pouco da vida dele. É viciado em cerveja, vivia na rua e tinha o corpo cheio de cicatrizes de asneiras que fez em tempos. De vez em quando lá me pedia 20 cêntimos para uma cerveja. Disse-lhe que não, que se quisesse lhe dava comida. ” Comida eu arranjo, eu quero é cerveja”, dizia ele. Explicou-me que por volta das 17h e das 22h, vai às traseiras dos hotéis e que lá encontra muito comer e do bom. É polaco, tem 42 anos e vive na Espanha à 18. Simpático e falador, nunca me senti inseguro ao estar a falar com ele. Tinha uma ferida na mão tão grande que nem sei como descrevê-la. Disse que foi num aposta, quem aguentasse mais tempo com um isqueiro acesso a queimar a mão, ganhava 50€. Ganhou ele depois de 24 segundos. Foram gastos em quê? Em cerveja. Estava consciente daquilo que fazia e nos dias seguintes ao fazer as asneiras arrependia-se, mas não lhe servia de lição. Bastava-lhe cerveja para ser feliz na sua infelicidade. Tanto insistiu que lhe comprei uma cerveja e também comida, mas a comida não a quis.
No fim despediu-se dizendo “Cuida-te”, como quem diz “Boa sorte”. Eu preferi interpretar à portuguesa e respondi-lhe “Tu é que tens de te cuidar”. Ele percebeu, mas apenas sorriu e seguiu o seu caminho.
Passado umas horas chegava a Girona, terra das flores, ou dos arranjos florais, mas primeiro fiz o almoço à entrada da cidade, num jardim.
Ao chegar ao centro da cidade, percebo que o que reina ali são as flores, pois há um pouco por todo o lado, no rio, nas casas, nas pontes, nas igrejas e no castelo. Visitei com mais pormenor o castelo, no centro histórico da cidade.
Aqui percebia-se que houve à pouco tempo um evento com flores, pois ainda restavam algumas, numa espécie de arte floral.
Ao sair de Girona, a quantidade de coisas brancas que andavam no ar intensificou-se. Parecia algodão e vinha de umas árvores. É o efeito da Primavera.
Continuei o caminho em direção à França, mas agora como tinha deixado o mar (e os respetivos chuveiros de praia), preocupava-me encontrar um local para tomar banho e ficar. Naquela de ” Viro aqui para ver se encontro alguma coisa? Não, mais à frente. E aqui? Não, mais à frente”, quando decido virar encontro o lugar ideal, junto a um rio, rodeado de vegetação e ao som se uma sinfonia de pássaros de todo o tipo, a darem-me as boas vindas!
Fantástico ,são paisagens maravilhosas.Pedro,de certo deves sentir uma alegria imensa ao apreciar essa natureza linda.Boa continuação e que tudo te preencha plenamente.Um abraço Bonifácio.