O último dia na Croácia não podia ter acabado melhor. A um quilómetro da fronteira, encontrámos um casal de portugueses, aliás o João é de Cabo Verde e a Petra da Eslovénia, mas a viverem em Alfama, Lisboa. Andavam a passear o pequeno Isaque. Convidaram-nos para um café e conversámos um pouco. Muito simpáticos, foi muito bom falar em português. Obrigado e felicidades para todos vós, Isaque, Petra e Joy Rasta!
O dia começou na Croácia, passámos novamente a fronteira para a Eslovénia para logo a seguir entrar na Hungria. Ao entrar na Eslovénia pediram-nos identificação. Ao verem o meu cartão de cidadão, algo se passou que não percebemos. Após dois minutos a olhar para o monitor do computador, o senhor polícia chama outro polícia. Enquanto se entendem com a informação que está no monitor aparece outro polícia e pergunta-me porque trago um pau e faz o gesto se é para bater em alguém. Digo que é o descanso da bike e falo-lhe da viagem. Entretanto o primeiro polícia manda-nos afastar e sai para o edifício ao lado com o meu cartão de cidadão. Mais uns minutos de espera e começo a desconfiar que é agora que tenho de pagar as multas de trânsito em falta. Finalmente regressa, entrega-me o cartão e nenhuma explicação.
Após atravessar a Eslovénia entrámos na Hungria sem qualquer controlo. Os primeiros quarenta quilómetros, parecia que estávamos numa terra fantasma. Algumas casas mas nenhum movimento. As poucas pessoas que com nos cruzámos, ao dizermos olá, ficavam a olhar para nós. Só quando chegámos à primeira cidade, Zalaegerszeg é que as coisas pareceram voltar ao normal.
Ao fazermos o jantar num jardim público, um sem-abrigo aproxima-se e oferece-nos comida. Dissémos que tinhamos, para ele guardar para si, mas não nos entendiamos. Insistiu e por fim tirámos um panado cada um. Em troca demos-lhe uma banana. Por vezes, é das pessoas que menos esperamos que recebemos grandes gestos.
No dia seguinte, enfrentámos o vento de frente e ao fazermos contas à vida, decidimos fazer cerca de 100km de comboio, para termos a certeza que no próximo sábado estamos em Viena na Áustria, local onde o Pedro vai partir, de regresso a casa.
Na estação para comprar os bilhetes, só com a ajuda de um papel, caneta e alguns rabiscos, a senhora percebeu para onde queríamos ir e que tinhamos bicicletas. Já no comboio, o “pica-bilhetes” implica com as bikes, pois eram grandes demais, devido aos atrelados e obrigou-nos a comprar mais um bilhete na estação seguinte. O ridículo é que o comboio nem sequer tinha espaço próprio para as bikes. Foram “enjauladas” na passagem entre carruagens. Também este senhor não falava inglês e valeu-nos uma passageira que serviu de tradutora.
Lá acertámos contas e seguimos viagem de Celldomulk para Mosonmagyarovan. Numa das últimas estações cruzámos com um comboio parado, que transportava veículos militares americanos. Ficámos curiosos com o porquê daquele arsenal, ali na Hungria.
Do pouco que vimos da Hungria, pareceu-nos ser um país pacífico, ao contrário do que nos foi dito. Grandes campos de cultivo e muitas áreas florestais. Tirando as cidades, as restantes localidades parecem muito sossegadas, até demais. As pessoas são simpáticas mas um pouco desconfiadas.
Estamos a um saltinho da República Checa e da Áustria!
Olá Pedro! Estou a gostar de consultar esta tua aventura! Achei interessante o comentario sobre o arsenal americano na Hungria. Acabaste de revelar informação importante ao nivel da segurança Interna Americana. Os americanos estão nada mais que a reforçar a capacidade defenciva nos balcãs por causa do problema com a Crimeira na Ucrânia e com o impasse em relação à situação Grega. A imprensa internacional já fala nisso…e confirma-se ! Curioso! Um abraço forte e vai vai!