Ao chegar a Poitiers, passei pelo Futuroscope, um parque cultural e de diversões, que só pela foram abstrata dos edifícios convida a uma visita. Depois do almoço, decido mudar a roda traseira, que estava em muito mau estado, empenada, muitos raios com folga, aro rachado e mais tarde percebi que o veio central estava com uma folga descomunal. Olhei à volta e vejo a Intersport e fui experimentar. O Florind, muito simpático, mudou a roda e com isso o disco e o pneu.
Como o processo levou algum tempo decidi ir de comboio até Bordéus, para compensar a tarde sem pedalar, mas esqueci-me que iria chegar ao final do dia. Bordéus é muito grande, tirei meia dúzia de fotos e fugi dali para fora para acampar num local seguro.
No dia seguinte a roda nova começa aos estalitos, mas não liguei. Nisto, estava na estrada D1010, que por sua vez atravessa o enorme parque de Landes e Gascogne, onde existem um vasto pinhal. O cheiro característico do pinheiro era tão forte que de imediato me senti em casa, no pinhal de Leiria. Que sensação tão boa! Como pequenos cheiros nos transportam para outros lugares numa questão de segundos.
Ao longo do dia fui trocando mensagens com o amigo Daniel que conheci há dias, para nos encontrar-mos outra vez, pois também ele está a caminho de Portugal, mas de carro. Ao olhar para o mapa, escolhi a estrada que iria percorrer e defini um destino para o nosso encontro. Curiosamente tinha escolhido a mesma estrada que também ele fez de bicicleta aos 17 anos de Portugal para Paris e o destino que escolhi para nos encontrarmos (Labouhyere), foi o local onde ele teve um problema na bicicleta, nessa viagem e onde recebeu ajuda de portugueses. Há coisas que não se explicam.
Ao chegar a Labouhyere, uma pequena localidades, procurei de imediato uma oficina de bikes, pois os estalitos no início do dia eram os raios a ceder e a roda estava totalmente empenada e a roçar no quadro. Estava num estado ainda pior do que a roda substituída no dia anterior, material de qualidade sem dúvida, fez apenas 80km…
Pergunto por uma “garage de vélos” e alguém me responde “Há ali uma casa que trabalha com bicicletas, até reparam motos e tratores!”. Lá fui, mas não tinham solução para o meu problema. Existe uma Decatlhon a 60km, em Dax, e como há comboio daqui até lá, decido ir até Dax no dia seguinte.
Decorria uma pequena feira de produtos de produtores regionais, decidi petiscar umas coisas enquanto esperava pelo Daniel. Gostei muito da cebola caramelizada numa rodela de pepino, o contraste de sabores era muito interessante.
Conheci dois portugueses, o Luís e o Ricardo, que segundo eles, trabalham no alentejo francês. Simpáticos e destemidos, por ali andavam a fazer pela vida. Conversámos um pouco e foi um prazer conhecê-los. Até à próxima malta!
O Daniel chegou e trouxe o jantar, frango assado à portuguesa, excecional! Apresentou-me a família, conversámos um pouco e seguiu viagem, pois pretendia chegar a Portugal na manhã seguinte. Obrigado por tudo Daniel e bonne voyage!
Filho não veijo a hora de te abraçar.
Olà viajante…fazendo uma limpeza informatica deparo com as tuas belas e simpaticas explicaçoes….sim o quebrar a rotina para ir alem conheçer é OPTIMO mas nao para todos (depende da coragem , da vontade que “NASCE NAS TRIPAS….Vejo que sentiste o real perfume do Pinhal des Landes e mais sensaçoes……PARABENS E CONTINUA METODICAMENTE A NAO CAIR NA ROTINA….. Um ABRACAO patritico e amigavel de um viajante ausente.
Daniel